terça-feira, 26 de abril de 2011

A mentira

Mais uma vez aqui estou
Caida no meu canto
Recordo tudo o que passou
E quebro todo o encanto
Deste feitiço que fiz
E que me tomou e controlou
E assim apenas digo o que este diz
Este terrivel encanto que me abraçou
Estou farta de tanto falar
De tanto sonhar
De tanto viver
E no entanto, tanto sofrer
Já me julguei um anjo caido
Mas apenas quando vi o que tinha perdido
Tive consciencia de que sou
Apenas uma folha que o vento levou
Não o proprio vento, como em tempos disse
Ajudando quem me pedisse
Dando sem nunca pedir de volta
Sem nenhuma sombra de revolta
Agora aqui estou
Sem me conseguir sequer ajudar a mim mesma
Tentando limpar
As marcas que o tempo deixou
Sou apenas a restia de uma bela pluma
Que não foi feita para voar
Mas para simplesmente enfeitar
Um belo chapéu de condessa
E mesmo essa coitada
Já morreu na decada passada
E a pluma assim continua
já corruida pelas traças
E vitima de todas as desgraças
Estou viva eu sei
Mas como poderei
Olhar um espelho quebrado
Que me assombra com o passado
E com o meu coração
Há já algum tempo entarrado?
Esse, pobre coitado
Morreu de tanto sangrar
E de tanto amar...

E assim vivo uma mentira
Dizendo que tudo ultrapassei
Que tenho muito mais do que alguma vez pedira
E no entanto, estou incompleta

Enterrei o meu coração
E por pouco não estou também morta
Mas longe disso não fiquei
Tudo pelo sofrimento, e pela mentira que furgei

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