sexta-feira, 3 de outubro de 2014

Não Sei




Já não sei o que é real ou ficção
Se estou acordado ou a dormir
Apenas sei que o pesadelo é fustigante
Nesta vida insaciável de homens fúteis
Que se massacram mutuamente
Arrastando com eles inocentes
Que diariamente sucumbem
Tal e qual folhas secas no chão.

Vidas roubadas, silenciadas por balas
Cabeças decepadas
Mulheres esventradas, violadas
Crianças sem tempo para sonharem.

Não sei que humanidade é esta
Que ceifam vidas sorrindo
Iludidos pelas garras de um Deus menor
No pináculo de uma decadência atroz.

Quanto tempo nos resta
Neste tempo regido pela crueldade
De anjos negros encapuzados
Em vales que outrora foram floridos
Hoje, salpicados pelas lágrimas de inocentes
Que alimentam com o seu sangue
A fugaz demência dos senhores das trevas.
(Gaspar Oliveira)