quarta-feira, 7 de novembro de 2012

Silêncio do amor



Deliberadamente, persegui-te
Caminhavas sozinhas no jardim
Banhado pelo rio que vinha da serra
Sentaste-te no banco junto ao bebedouro
Na mão, trazias um livro de um autor conhecido
Por breves instantes, os teus olhos encontraram os meus
Parei extasiado, que lindos olhos os teus
Sentei-me na relva perfumada pelas flores viçosas
Que restam da primavera, permaneceram no calor do Verão
E lentamente adormecem neste outono, na hibernação da terra
Continuas sentada, lendo esse livro, para um miúdo que mata a sede
No bebedouro, onde pássaros também vêem saciar a sede em voos rasantes
Queria ganhar coragem, chegar a ti, dizer que te amo, não consigo
Talvez o medo da rejeição me faça ficar sentado admirando a escultura do teu corpo
Covarde? Sim, talvez mas prefiro olhar-te de longe, que para sempre te perder.
Mais um dia se passou, mais uma noite chegou, amanhã volto a sair
No jardim vou- te acompanhar, mesmo que seja de longe impossível deixar de te amar
(Gaspar Oliveira)

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