domingo, 3 de agosto de 2014

Andorinhas



Andorinhas pequeninas
Sem asas para voar
No meio de uma guerra
De homens que não sabem brincar.

Andorinhas pequeninas
De sorrisos feitos de lágrimas
No Médio Oriente morrem
Com bombas que caem do ar.

Andorinhas pequeninas
Já não conseguem brincar
Na Faixa de Gaza há sangue
Suas mães as vão enterrar.

Andorinhas pequeninas
De pele manchada de sangue
Tivessem elas asinhas
Um arco-íris para deslizar.

Andorinhas pequeninas
Num buraco sepultadas
Andorinhas que não cresceram
Por culpa dos vários carrascos.

Judeus e Palestinos
Nenhum deles tem razão
Enquanto assassinarem andorinhas
Nunca podem ter perdão.
(Gaspar Oliveira)

sexta-feira, 1 de agosto de 2014

Lembro-me





Lembro-me quando olhavas a lua
Dizias que as estrelas
Eram pequenos pontos de luz
Pintados por anjos, que tinham medo da noite.
Lembro-me que dizias que o cometa
Era alguém que viajava
A uma velocidade estonteante
Com pressa de ir para casa.
Lembro-me das horas que ficava-mos a varanda
Com os dedos entrelaçados
Parecíamos dois miúdos tontos
Sozinhos no meio do nada.
Lembro-me do teu sorriso
Dos teus olhos verdes cintilantes
Dos teus cabelos ondulados
Do perfume da tua pele suave.
Lembro-me quando juntos a lareira
Contavas histórias engraçadas
Histórias que inventavas, para me fazeres sorrir.
Lembro-me quando mordias o teu lábio
Com um dedo me chamavas
Com segundas intenções.
Lembro-me do dia mais triste
Quando nesse dia partiste
Sem um beijo, sem um olhar.
Viajas-te para as estrelas
Num cometa que não volta
Deixando-me aqui tão só
A espera, de um dia te encontrar.
(Gaspar Oliveira)