O
meu avô era cauteleiro
Vestia
fato e gravata
Usava
chapéu com chapa
Apregoava
a sorte grande
Pelas
ruas da cidade.
O
meu avô era aposentado
Detestava
ficar parado
Levantava-se
ainda de madrugada
Para
ver o sol a nascer
Junto
ao mondego suspirava.
Sem
saber ler e escrever
Era
formado no bem dizer
Contava
histórias ao anoitecer
Até
que ele a sorrir dizia
Esta
na hora de dormir
Que
a noite escondeu o dia.
De
lisboa veio um dia
Pés
descalços, calças rasgadas
Ainda
menino pois então
Veio
parar a Coimbra
Cidade
que sempre foi sua paixão.
Passou
fome viu a miséria
Trabalhou
como um escravo
Com
o rosto coberto de farinha
Foi
aprendiz de moleiro
Mais
tarde foi vinhateiro
Soldado,
aventureiro
Homem
de grande imaginação.
O
meu avô que tanto na vida sofreu
Na
hora do seu adeus
Sentado
na sua cama, sorriu
Fechou
os olhos e dormiu
Num
sono profundo, sem fim
O meu avô, ainda hoje vive em mim.
O meu avô, ainda hoje vive em mim.
(Gaspar
Oliveira)
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